EXCLUSIVO | Entrevista com o Grão-Mestre da Grande Loja de Cuba sobre a unificação da Maçonaria

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Havana, Cuba. No 28 de outubro de 2013, a Agência de Imprensa Maçônica conduziu uma entrevista com o Grão-Mestre da Grande Loja de Cuba, Muito Respeitável Irmão Evaristo Ruben Gutierrez Torres. A entrevista foi realizada em espanhol e traduzida em Inglês, Português e Romeno. Existe também uma versão em PDF e vai ser disponível para as Grandes Lojas e instituições maçônicas.


APMR - Muito Respeitável  Grão-Mestre Evaristo Rubén Gutiérrez Torres, em primeiro lugar quero agradecer-lhe por a gentileza de conceder-nos esta entrevista. A Maçonaria cubana é conhecida como uma das maiores comunidades de Maçons da América Latina e sua Grande Loja como a segunda maior da América Latina, depois do Grande Oriente do Brasil. Mas também sabemos que há muitos Maçons cubanos nos Estados Unidos e, especialmente, na Flórida. Porque a tardança para decidir a unidade dos Maçons cubanos em uma única família?

Grão-Mestre - O processo da reunificação da Família Cubana da Maçonaria Universal não é algo que vem inesperadamente à tona agora, mas - muito pelo contrário - o resultado de uma longa jornada que começou há muitos anos atrás, quando o Past Grão-Mestre José Ramón González Días dirijiu-se aos Grão-Mestres da Flórida em três ocasiões diferentes para convidá-los a procurar em conjunto uma solução para o de conflito.

Infelizmente, essas tentativas não têm frutos até hoje, apesar do fato de que, no nosso Parlamento Maçônico se está ouvindo ha tempo o clamor para fechar a lacuna entre os Irmãos que habitam os dois lados do Estreito da Flórida.

Prova disso tem sido os sucessivos relatórios anuais do Presidente da Comissão Permanente dos Assuntos Externos, R.Ir. Raimundo Gómez Cervantes, em que este ponto é destacado como uma das questões vitais e estratégicos a serem resolvidos pela Grande Loja de Cuba.

No aspecto histórico, podemos também obter explicações para a pregunta PORQUÊ AGORA? Os cenários mudaram e já não estão presentes as condições que levaram a que um dia a Grande Loja de Cuba deixa pôr de lado a luta pela unidade deos Maçons cubanos em qualquer lugar que estejam. Hoje vivemos outros momentos históricos e nosso esforço para dirigir é um reflexo desses tempos.

Também influenciou muito para a realização deste momento a coincidência na direção de todos os partidos que têm algum interesse verdadeiro em encontrar uma solução.

Por um lado, tem sido o trabalho conciliador do Soberano Grande Comendador do Supremo Conselho de Grado 33º do REAA, o Ilustre e Poderoso Irmão Lázaro Faustino Cuesta Valdés, mas depois há o real interesse que esta questão tem para os Muito Respeitávels Grão-Mestres da Grande Loja de Cuba e da Grande Loja de Cuba (no Exterior).

Se somarmos a isso que sabemos que a boa vontade da maioria do Muito Respeitável Grão-Mestre da Grande Loja da Florida, Ilustre Irmão Danny R. Griffith, para encontrar uma solução para o conflito, então estamos na confluência de condições muito favoráveis para um diálogo construtivo e frutífero.

APMR - Sabemos que, o turnê pelos Estados Unidos do Soberano Grande Comendador do Supremo Conselho de Cuba, Faustino Lázaro Cuesta Valdés, foi uma ação importante neste sentido. Então, o que você pensa sobre os resultados desta visita?

Grão-Mestre -Como discutido acima, a visita do I.P.H. Lázaro F. Cuesta Valdés no território dos Estados Unidos abriu uma nova perspectiva para o assunto. Até agora não foi possível a visita de um líder da Maçonaria cubana no território americano em parte por causa de restrições de imigração no nosso país até janeiro deste ano de 2013, e por outra parte devido as dificuldades sempre presentes no processo de obtenção de visa para viajar para os Estados Unidos da América, sem esquecer - também - a situação económica difícil que atravessa a Grande Loja de Cuba, impediu-nos antes de ter una reunião "cara a cara", como pudo fazer o nosso Irmão e Soberano Grande Comendador.

Ele teve a oportunidade de conversar diretamente com os Irmãos que estão em os EUA para ver em primeira mão as suas preocupações e aspirações, mas também teve conversas mantidas com o Grão-Mestre da Flórida, com os Past Grão-Mestre e Grandes Oficiais dos Supremos Conselhos das Jurisdições Norte e Sul. Essas discussões criou uma base importante para o processo que realizou no mês de outubro de 2013.

APMR - Qual é o papel, o simbolismo, da Catedral Escocesa por ter sido escolhida para sediar este evento?

Grão-Mestre - A Catedral Escocesa de Havana é um símbolo da Maçonaria cubana. O prédio, originalmente construído como sede da Respeitável Loja Washington, hospedou anos depois, o Supremo Conselho Supremo e várias Lojas mais.

O encontro entre os Maçons cubanos residentes no exterior e da Grande Loja de Cuba não poderia ter um lugar mais apropriado do que este, devido que o papel desempenhado pelo Supremo Conselho nesta reunião foi justamente para "construir a ponte" sobre o qual devem transitar os Maçons de ambos os lados para apertar as mãos.

APMR - Armando Salas Amaro. É um símbolo da Maçonaria cubana, em geral, ou apenas um símbolo para os Maçons cubanos nos Estados Unidos?

Grão-Mestre - O Ilustre Irmão Armando Salas Amaro, Past Grão-Mestre e Fundador da Grande Loja de Cuba (no Exterior), é considerado "Patriarca" dos Maçons cubanos nos Estados Unidos e, especialmente, em Miami. Foi ele quem trabalhou mais de perto com o Past Grão-Mestre da Grande Loja de Cuba, Ilustre Irmão Carlos Manuel Piñeiro y del Cueto, na reorganização das várias formações que fizeram o espectro da Maçonaria cubana no exílio em que se destaque a Grande Loja de Cuba no Exílio, fundada pelo Past Grão-Mestre Tarajano Gonzalez sob a falsa premissa de que a Maçonaria em Cuba foi encerrada.

O trabalho de Salas Amaro na criação da Grande Loja de Cuba (no Exterior) foi um trabalho titânico e seu maior valor estava em tentar por todos os meios manter a identidade nacional dos Maçons cubanos na Flórida.

Hoje prestamos uma homenagem merecida a esse Ilustre Irmão que deu sua vida pela Maçonaria e, nas palavras de seus colaboradores e amigos mais próximos, não queria morrer sem ver junto aos maçons dentro e fora de Cuba. Já demos os primeiros passos nessa direção eo irmão Salas Amaro pode ter a satisfação de ver concluído o processo pelo qual tanto trabalhou.

APMR - 13 de outubro é um dia histórico para os Templários e agora para os Maçons. A carta enviada à Grande Loja da Flórida tem um papel na explicação da iniciativa dos Maçons cubanos ou para solicitar assistência jurisdicional para o futuro?

Grão-Mestre - Na verdade, esta data será marcada na história da Maçonaria cubana como o início da reunião com os nossos Irmãos que vivem e trabalham no exterior, e especialmente com aqueles que o fazem no território da Flórida. Será lembrado como o dia em que se quebrou a primeira barreira que nos incomunicaba para poder começar juntos um caminho para o futuro.

Nossa carta ao Muito Respeitável Grão-Mestre da Grande Loja da Florida, Ilustre Irmão Danny R. Griffith, tem esse duplo papel que você expressa. Por um lado, temos relatado os resultados de nossas conversas com os irmãos da Flórida, mas nós também estamos convidando a uma colaboração no sentido de assinar um tratado pelo qual a Grande Loja da Flórida autorizada a trabalhar em seu território a Grande Loja de cubanos no Exterior (nova formação criada a partir da formação existente) sem ter competência territorial, mas a jurisdição funcional sobre as suas Lojas e membros.

APMR - O 27 de fevereiro de 1955 pode ser considerado um dia do futuro na história da Maçonaria cubana ou do passado?

Grão-Mestre - Este foi o dia da consagração do nosso Grande Templo Maçônico Nacional na Havana, que agora leva o nome do "Ilustre Irmão Carlos Manuel Piñeiro y del Cueto" por deliberação do nosso Parlamento Maçônico, em homenagem o quem foi o maior promotor e defensor de uma obra tão colossal.
Carlos M. Pineiro tenha terminado o trabalho començado por seu pai e Grão-Mestre Piñeiro Crespo, quando na década dos anos ‘20 do século passado começou a difícil tarefa de ir procurando fundos dos Maçons cubanos para adquirir, lote por lote, para completar a área em que está agora, o Grande Templo. Muitos anos de esforço e sacrifício que foram necessários para obter o suficiente e começar a trabalhar, quantidade que foi obtido quase exclusivamente da contribuição dos Irmãos e chalés com a compra de títulos emitidos para essa finalidade.

Por isso os Maçons cubanos, onde quer que estejam, estão profundamente orgulhosos da sede da Grande Loja de Cuba de A.L. e A.M., apesar das terríveis circunstâncias que nos fizeram perder o poder sobre uma parte do edifício, mas estamos confiantes para recuperar aquela parte em algum momento.

Assim, a entrega de uma das bandeiras de Cuba hasteada durante aquele glorioso 27 de fevereiro de 1955, por um grupo de Maçons das novas gerações (também impulsionadores deste processo unificador) para o Muito Respeitável Grão-Mestre, Irmão Moris Bosakewich, como sagrado depósito simbolizou o mais caro desejo dos maçons cubanos para estar de volta unidos, firmes e fortalecidos como estávamos no momento glorioso da Consagração do nosso Templo.

Assim, o ato e esta bandeira são os próprios símbolos do passado, presente e futuro.

APMR - A declaração do Soberano Grande Comendador de 13 de Outubro de 2013. É Cuba hoje um país mais livre e mais unido? Olha Cuba para uma democracia sólida e viável para os seus cidadãos?

Grão-Mestre - Nós explicamos acima que as condições históricas no país hoje são diferentes e permitem considerar uma visão de que todos os passos que estamos dando para a unidade dos Irmãos Maçôns cubanos pode ser pode ser um exemplo benéfico para a sociedade civil.

Daí o nosso desejo de que esse processo leva manter e solidificar, dado o que a Maçonaria cubana sempre foi uma vantagem social, no ético e patriótico. E se se trata de "fazer pátria” os Maçons cubanos querem estar nas linhas de frente.

APMR - A mensagem nº 5 do Grão-Mestre de Cuba, de 13 de Outubro de 2013. Você fala  sobre "a unidade indissolúvel dos Irmãos Maçons cubanos". O que você quer dizer com isso?

Grão-Mestre - Elaborando sobre o tema da unidade, pode-se lembrar que o respeito às nossas leis - e os costumes da Regularidade Maçônica - impedem-nos de realizar reuniões em Tenida com os Irmãos, que muitas vezes, deixaram nossas Lojas.

Ainda não podemos abrir os Templos para os Maçons cubanos para nos visitar e gostaria de compartilhar o nosso trabalho. Esta é a parede principal que foi erguido entre os Maçons cubanos dentro e fora da ilha, e é o baluarte que visam derrubar, para que mais uma vez se una o que nunca deve se separar, a Família Cubana da Maçonaria Universal.

Além disso, este apelo a Unidade é para "dentro", porque não somos isentos de problemas internos que nos disjuntam. Este processo queremos continuar em nossas oficinas, nas Lojas que decidiram retirar-se da Confederação da Grande Loja de Cuba e de todos aqueles que um dia já discordou de forma, embora não em princípio.

Para todos eles também temos esse processo de unificação, porque senão não podemos considerá-lo plenamente alcançado nunca.

APMR - Mensagem nº 6 do Grão-Mestre de Cuba, de 14 de Outubro de 2013. Este mensajem é uma carta aberta a todos os líderes da Maçonaria Universal. Na seção 2 fala sobre um possível futuro reconhecimento dos Maçons cubanos nos Estados Unidos pela Confederação Maçônica Interamericana e outras Grandes Lojas. Devemos entender que as duas Grandes Lojas cubanas não vai unir-se, mas eles vão trabalhar juntos, mas separadamente, como duas Grandes Lojas independentes?

Grão-Mestre - Nas variantes de solução consideradas como viávels sempre acreditamos que é totalmente impossível a subordinação das formações Maçônicas cubanas da Flórida para a Grande Loja de Cuba, primeiro porque constituiria uma invasão de território, assunto para o qual temos sido sempre firmes em nossa oposição.

Daí a proposta é a criação de uma Grande Loja Regular independente da Grande Loja de Cuba, que - como observou - não detentará qualquer jurisdição territorial, mas a sua jurisdição vai ser FUNCIONAL, para as suas Lojas e membros. Esta Grande Loja estará então em condições de solicitar o reconhecimento universal das Grandes Lojas e vai ter seu direito de ser parte da Confederação Maçônica Interamericana.

Quebradas as barreiras erguidas pela qualificação de "irregular" que um dia foi receberam as formações maçônicas cubanas na Flórida, vai abrir uma nova era para a estreita colaboração e geminação real entre as duas Grandes Lojas: os cubanos que vivem em Cuba e aqueles cubanos que vivem e trabalham na Maçônaria fora de Cuba.

APMR - No ponto 3 da mesma mensagem você fala que a instituição dos Maçons cubanos nos Estados Unidos deve ser reconhecida como regular pela Confederação Maçônica Interamericana, certo? O que você quer dizer com isso?

Grão-Mestre - Não é precisamente neste sentido do que disse. Na verdade, estamos retomando um princípio que foi escrito no "Consultor Masón" de Aurélio Almeida, em 1883, que - para definir as formas em que se pode formar uma Grande Loja Regular - reconhece que: “três ou mais Lojas, que tinha sido fundadas por um corpo irregular de qualquer espécie, sepmre que uma Grand Loja Regular, tendo a responsabilidade e após a separação absoluta dessas Lojas de seu corpo de origem, dirijo uma Carta de Autorização para se tornar em Grande Loja, regularizando a sua situação”.

Devido que as formações maçônicas cubanas na Flórida, foram declaradas "irregulares" pela Conferência de Grão-Mestres da América do Norte e pela Confederação Maçônica Interamericana, são ordenados para escolher esse caminho, que temos notícia de que foi reconhecido pela Conferência de Montevidéu (Uruguai, 1947) da C.M.I.

Obviamente, dada a situação absolutamente excepcional apresentada hoje com os Irmãos cubanos que trabalham fora de Cuba, nós não sabemos que há uma história da aplicação desta abordagem em qualquer outra jurisdição, o que não é de forma alguma invalida o mesmo para ser aplicada em casos especiais, tais como os apresentados neste caso. 

Também é evidente que a Grande Loja de Cuba é responsável como garantia da regularidade e da ortodoxia das Lojas formando a nova Grande Loja, especialmente para o compromisso histórico que temos para os nossos Irmãos, a quem devemos este reconhecimento e apoio.

Coberto este requisito essencial de origem da regularidade, são cumpridas todas as oito exigências expressas pela Grande Loja Unida da Inglaterra a partir de 1935 para definir a regularidade de uma Grande Loja.

APMR - No final da entrevista, que mensagem você quer enviar à Comunidade Maçônica Internacional?

Grão-Mestre - Nossa única mensagem é o que sustentaram sempre e o que vai ser sustentado sempre, se fosse necessário. A Ordem cubana é uma só e deve avançar no caminho para ser uma verdadeira família de bem.

Há muitos passos que ainda temos para dar, dentro e fora de Cuba, mas estamos confiantes de que o futuro é promissor e os sonho ao que um dia todos dedicaram suas vidas a esta Sociedade irá ser cumprido.

Para o resto das Potencias Maçônica Regulares de nossa amizade estamos pedindo apoio para esta importante proposta na crença de que vai sentar-se as novas bases e antecedentes de unidade e fraternidade.

APMR - Muito Respeitável Grão-Mestre Evaristo Rubén Gutiérrez Torres, agradeçemos muito por esta entrevista e desejamos-lhe, em nome do nosso F. & Secretário-Geral, para você, para todos os Maçons cubanos no país e no exterior que este projeto seja hoje presente e amanhã futuro.

 
 
 

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